Política e Olimpíadas

Os EUA escolheram Lopez Lemong, ex-refugiado sudanês, para lhes representar como porta-bandeira na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim.
A escolha é uma alfinetada nos anfitriões, que mantém relações econômicas com o Sudão, exportador de petróleo.

A principal região petrolífera do país é Darfur, localizada a oeste da capital Cartum.
Darfur é palco de uma guerra civil que se arrasta desde 2003. Milicianos árabes, chamados de janjawids ocuparam a região destruindo as vilas da população, em sua maioria cristã ou de demais nativos.

A intenção dos fundamentalistas árabes é dominar o comércio de petróleo e realizar uma limpeza étnica.
Estima-se que o genocídio já tenha matado cerca de 400 mil pessoas, deixando mais de 2 milhões de desabrigados.
A população local formou grupos armados para rebelar-se contra o governo que negligencia o conflito. Os locais também acusam os governantes de serem pró-árabes, fato que parece ser realidade, não só pela negligência explícita como também por dificultar a chegada de ajuda internacional, proibindo aviões que portam suprimentos de aterrissarem no país.
A ONU também não reconhece o genocídio, querendo assim amenizar sua reputação em relação às tragédias ocorridas no oeste sudanês.
A principal estratégia dos janjawids é destruir as habitações e vilas da região, forçando seus moradores a deslocarem-se por desertos,onde acabam por morrer de fome.

Além de usar a fome como principal arma de extermínio, os milicianos seqüestram civis para serem abusados sexualmente. Um terço dos estupros e abusos sexuais ocorre com crianças.
E no último dia 8, um dos sobreviventes entrou no estádio Ninho do Pássaro portando a bandeira dos EUA, país que o acolheu e onde conseguiu cidadania desde julho de 2007.
Fica agora e expectativa de Lemong na sua participação da corrida de 1.500 metros e também se a China devolverá a alfinetada na cerimônia de encerramento, já que os EUA são o país mais suscetível a contestações políticas ao dispor dos anfitriões.