quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CouchSurfing: A melhor forma de viajar

Não se trata de uma propaganda de agência de turismo. A maneira mais barata é também a melhor para conhecer outros países

“Cara, viajei para vários lugares: Irlanda, França, Grécia, Suécia, República Tcheca, Hungria, Croácia, Áustria, Itália...”, conta Luiz Castel, engenheiro químico. O que há de especial nisso tudo é que por praticamente todos os lugares em que passou, dormiu em um sofá. Ele é membro da rede social CouchSurfing, que promove uma interação entre amantes por viagens. Alguns dos participantes oferecem seus sofás como forma de hospedagem para outros membros da comunidade. “O que a gente gasta com estadia dá cerca de 30% dos custos de uma viagem. Acho que já economizei uns 3 mil euros.”
“Mas a ideia do CouchSurfing não é só economizar. Ele resgata valores, como o da confiança, a ponto de você receber um viajante desconhecido em sua casa”, conta a assessora de imprensa Ana Carolina Alves. “O CS é uma forma diferente de conhecer pessoas e lugares. As viagens não seriam a mesma coisa se fossem feitas com um guia turístico”, acrescenta.
E a comunidade não existe só para viajantes. Você pode ser um membro sem ter que oferecer seu sofá. “Fazemos uma reunião toda semana em um bar de São Paulo. Aqui vêm pessoas que estão viajando ou apenas quem só quer interagir com a gente”, explica Ana Carolina.
“É muito fácil se misturar com o pessoal aqui. Os novatos recebem um crachá vermelho. Aí, se alguém te ver sozinho, vai lá e conversa com você”, diz Luiz Castel.
E de fato dá para fazer um baita intercâmbio só de conversar com os estrangeiros, que são cerca de 40% das pessoas do bar. Pieter Glas, um tradutor holandês, falou muita coisa sobre seu seus país e os outros que visitou pela Europa. “Gostaria que as pessoas visitassem a Holanda para admirar nossa arquitetura e diversos pontos turísticos, em vez de vir acreditando vão encontrar só drogas e prostituição”, desabafou ele. Além disso, discutiu e perguntou sobre o Brasil, Pré-Sal e imigração.
Numa mesa, conversando com brasileiros curiosos, estava um professor de bioquímica da Universidade de Havana. Você sabia que em Cuba você não pode hospedar alguém em sua casa? “Um dia ou dois no máximo, mas não podemos chamar nem um amigo que more em outra província, muito menos alguém de fora do país”, revela Dayrom Gil, que está no Brasil para pesquisas com professores da Unifesp. Portanto, o CouchSurfing é proibido em Cuba, assim como o acesso livre a internet. “Lá nós não podemos ter internet em casa. Só indo para um cyber café, onde a internet ainda é censurada”, conta o cubano.
Qualquer um pode se inscrever no site couchsurfing.org. “Na sua página pessoal você pode definir seu perfil como anfitrião. Lá você também revela hábitos, como se você fuma ou não, por exemplo”, comenta Carolina de Paula, uma carioca que se hospedou em São Paulo através do site. “A mulher que está me hospedando me entregou até as chaves da casa”, adiciona Carolina. “Eu entrei no CS em setembro, querendo hospedar pessoas. De lá pra cá, já hospedei seis pessoas. O mais legal foi um italiano, que inclusive me ajudou com algumas compras. Fiquei uma semana comendo macarrão de um italiano”, diz a carioca rindo.
Outros, como Luiz Castel, o engenheiro químico do começo dessa matéria, se diverte mesmo como hóspede. “Viajei 45 dias pela Europa e paguei só duas estadias. Na Suécia gastei 30 euros em cinco dias, sendo que os guias dizem que você gasta pelo menos 100 euros por dia. Sem contar com alguns luxos que dei a sorte de encontrar. Na Bélgica, uma senhora de 50 anos me encheu de chocolate e cerveja Belga. Ela me mostrou a cidade inteira, e me deu toda a comida da casa dela”, conta Luiz.
E suas viagens continuarão: “Meu próximo sofá está me esperando no México”, conta o CouchSurfer.